RODRIGO no leito hospitalar. Diagnosticado com Corona, dopado pelos medicamentos e com a máscara de oxigenio, agarra-se aos lençois, na esperança de acalmar sua alma aflita e seu corpo sofrido. Procura a Nirvana Espiritual.
Aos sessenta anos, divorciado, filhos casados, pequeno comerciante de “SHMATES” no antigo e decadente bairro judeu, esta cansado. Sonha e
aspira novos horizontes. Abandonar tudo em busca de uma nova vida.
Cercado de medicos, enfermeiros e outros contagiados, se questiona
Terei coragem para dar este passo? Abandonar tudo, lançar-me numa incerta aventura?
Sonha com o mar. Paixão de infância. Mergulhar como um peixe, surfar em cada
onda gigante…
O mar, o lugar de misterios, e tambem de descobertas, e um lavador de almas.
O sal de suas águas sara feridas abertas, corações partidos.
¿Existe sensação melhor do que a liberdade proporcionada pela
imensidão de um mar azul que se esconde alem do horizonte das águas?
Já recuperado da molestia, agradece ao Criador a nova chance dos anos
vindouros, e com novas energias e entusiasmo coloca seu sonho acalentado na construção de um Katamaran.
Planejado nos minimos detalhes, e construido a seu gosto, suas velas azuis infladas cor de anil, o levarão ao ritmo do vento nas águas tibias do Mediterraneo.
Todos os anos vividos são portos perdidos que deixa para trás.
Quer viver diferente, procurar outros mares.
A hora da partida diz Adeus e se despede sem chorar.
E chega o dia de Rodrigo lançar seu barco ao mar.
Se afasta da costa e do agitado porto apinhado de gente e comercio.
Mais um pouco o ceu e o mar estarão unidos pela liberdade e imensidão de cada um.
E a dança das gaivotas em piruetas artisticas, emitindo gritos de felicidade o acompanharão agora em mar aberto, sente o doce balanço das ondas do mar,
Fecha os olhos, e as palavras sabias de madre Teresa de Calcuta povoarão sua memoria:
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar, mas o mar será menor se lhe faltar esta gota”.
Texto maravilhoso, me lembra a frase «Navigare necesse est, vivere non est necesse» (Velejar é essencial, viver não é).